[CRÍTICA] La La Land
Esse filme dividiu opiniões aqui em casa. Eu gosto muito de assistir candidatos ao Oscar, Globo de Ouro, principais candidatos que ganham esses prêmios, e com as 7 indicações do La La Land eu fiquei curioso para ver o resultado final e gostei bastante.
Vamos do começo. A história gira em torno do casal Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling), os dois se esbarram pela cidade algumas vezes, até se apaixonarem, ela sonha em ser atriz de renome e ele em ter seu próprio bar de jazz, ambos correm atrás dos seus sonhos mas o resultado acaba sendo difícil de lidar, e é tudo que eu posso contar sem dar spoilers.
O filme tem uma fotografia fantástica, mais notável nos primeiros takes pois ao longo do filme acabamos nos acostumando, por exemplo, logo na primeira coreografia é um take constante sem cortes aparentes ao longo de uma rodovia, a câmera vai e vem mostrando muita, mas MUITA gente dançando encima dos carros, é um recurso muito bem utilizado no filme, além disso ele possui duas cores predominantes, roxo e amarelo, e ficam claríssimas ao longo do filme, mas todas as cenas ao anoitecer tem esse tom no céu, e a protagonista sempre usa algo amarelo, um vestido, algum acessório, é bacana demais ver essa coerência no resultado final.
Outro ponto é que a história é bem amarrada, os personagens são muito bem desenvolvidos, seus dois pontos principais são o amor/paixão e o sonho, ambos correm atrás disso o filme todo, ou do sonho de ser atriz, de ter o bar de jazz, de não deixar o jazz morrer, ou de encontrar um amor verdadeiro, e isso também é coerente no filme todo, os personagens são construídos em volta disso, ou seja, se realizam, se decepcionam, crescem, tudo em volta desses pontos principais.
Sobre a trilha sonora, um filme musical precisa ter esse forte, ele possui uma música muito forte do início ao fim, com diversas variações de tempo/espaçamento, como em momentos tristes ela é tocada de forma beeeem pausada somente com um piano, ou em momentos mais agitados como nas festas de uma forma forte, com batidas mais fortes, com trombetas e vários instrumentos, mais “cheia”. No início do filme houveram algumas músicas dos anos 70/80 que deram um ótimo ar às cenas, podiam ter colocado mais dessas ao longo do filme, por exemplo a A Flock Of Seagulls – “I Ran”, cuja cena é fantástica.
Ah, sobre o tom do filme, tem cenas muito engraçadas principalmente no início e essas cenas diminuem do meio do filme em diante, assim como em “Dois caras legais” (Two Nice Guys, 2016) o Ryan Gosling faz cenas de comédia muito leves e muito engraçadas, ele me lembra demais o Jim Carrey nos filmes do início da carreira. Da mesma forma a Emma Stone faz a menina bobinha, apaixonada, mas longe de ser a Gwen Stacey do “O Espetacular Homem-Aranha 2” (The Amazing Spider Man 2, 2014). Já do meio em diante o filme ganha um tom mais reflexivo, como se no início representasse a infância, adolescência, onde somos mais inocentes, sonhadores, e ao longo do filme nos tornássemos mais adultos com as responsabilidades que isso nos traz, as decepções, etc.
Outro ponto que eu preciso abordar aqui é a metalinguagem do filme, que é o que faz o filme ficar inteligente, ser coerente. Os protagonistas se esbarram por 3 vezes no início do filme, na rodovia da abertura do filme, depois em uma festa onde a Mia foi e o Sebastian está tocando, depois em um bar onde o Sebastian tocava músicas de Natal e a Mia entra só pelo som que ouviu da rua, até aqui acompanhamos somente a história da Mia, mas então nesse ponto o filme volta para o início e conta a mesma história do ponto de via do Sebastian, e cara isso é muito massa, não ficou repetitivo e preencheu a história, mostrando mais de cada personagem. Outra comparação legal demais que achei foi em um show onde o Sebastian está tocando e a Mia está na plateia, quando ele faz um solo a multidão na plateia sai se acotovelando pra chegarem mais perto do palco, com isso a Mia se vê empurrada para trás, em uma analogia de como aqueles shows vinham afastando os dois, legal né?
De forma geral, é um ótimo filme, definitivamente não é pra todo mundo, vai ter gente dormindo muito dentro do cinema, mas a experiência pra mim foi muito bacana, principalmente o final do filme. Nota 9,5, foi mesmo digno dos prêmios que ganhou.